quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Clarice Lispector

Hoje fiquei com vontade de colocar aqui uma poesia que eu gosto muito, da Clarice Lispector.

"Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas.
Entupo-me de ausências,
Esvazio-me de excessos.
... Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos.

Pouco não me serve,
médio não me satisfaz,
metades nunca foram meu forte!

Todos os grandes e pequenos momentos,
feitos com amor e com carinho,
são pra mim recordações eternas.
Palavras até me conquistam temporariamente...
Mas atitudes me perdem ou me ganham para sempre.

Suponho que me entender
não é uma questão de inteligência
e sim de sentir,
de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.”

Clarisse Lispector

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Em busca da paella perfeita...

Na minha viagem pela Espanha passei por Madrid, Valência, Costa Brava e Barcelona e fiz uma espécie de cruzada particular na busca pela melhor paella.

Procurei restaurantes especializados em paella em todas essas cidades por onde passei, alguns baratos, outros mais mais caros.

Meio que sem querer, cada prato que eu comia, comparava se ele era melhor ou pior que o anterior. E assim acabei criando o meu ranking dos restaurantes de paella.

Claro que não consegui experimentar todos os restaurantes de todas as cidades. Minha amostra era pequena. Poderia continuar nessa cruzada por meses, mas mesmo quero compartilhar minha lista dos melhores restaurantes de paella que experimentei, um restaurante por cidade, e em ordem geral de preferência.

Vale dizer que não levei em consideração acessórios como qualidade de atendimento, decoração do restaurante, etc. Claro que todos os restaurantes passavam tranqüilos por qualquer critério de limpeza, mas o que contava mesmo era o sabor da paella.

Segue o ranking, do melhor para o... um pouquinho menos melhor:

1. Botafumeiro, em Barcelona. O melhor, indiscutivelmente. Sinto muito em dizer que também era o mais caro - o prato da paella ficou, com um bom vinho e incluindo a gorjeta, cerca de 200 euros para duas pessoas. Apesar do preço, vale a pena. É o tipo de restaurante que pagamos caro, mas ficamos satisfeitos com o resultado. Levando em consideração os supérfluos, ganha menção honrosa, pois o atendimento é digno de rei (e rainha).

Carrer Gran de Gracia, 81 – Barcelona

2. La Zarzamora, em Valência. Um espetáculo. Como ficou em segundo lugar e também era o mais barato da lista, ganhou com louvor a Categoria Melhor Custo Benefício.

Av. Instituto Obrero, 20 - Valencia

3. Cafe Gijon, em Madrid. Minha primeira paella da viagem. Divina.

Paseo Recoletos, 21 – Madrid

4. Restaurante do Hotel Aigua Blava, em Begur. Espetacular. E ganha na Categoria Melhor Vista, não canso de dizer, mas a praia de Begur é um sonho.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Roteiro de 4 dias em Barcelona

Como muita gente me pergunta o que fiz e o que visitei nas minhas viagens, deixo aqui minha sugestão de Roteiro para 4 dias em Barcelona.

1º. dia

Ande pelo calçadão da Barceloneta – a praia de Barcelona – até a estátua de Colon.

Depois vá para La Rambla, a rua de pedestres mais famosa de Barcelona.

Ainda na Rambla, aproveite para conhecer o Mercado de La Boqueria.

Siga para o Passeig de Grácia, quase uma continuação da Rambla, mas mais calmo. No Passeig de Grácia, veja a Casa Milà e a Casa Batlló, duas das obras primas de Gaudí espalhadas pela cidade.

Link para posts que fiz sobre esse roteiro:

2º. dia

Reserve a manhã para conhecer a Basílica A Sagrada Família, a maior obra de Gaudí. Reserve a manhã mesmo, não somente pela fila na entrada, mas para curtir com calma todos os seus milhares de detalhes e para subir no elevador.

Perca-se no Bairro Gótico e no La Ribera, vá ao Museu Picasso, e curta um pouco o Parque de la Ciutadella.

Link para posts que fiz sobre esse roteiro:

3º. dia

Passe a manhã no Parc Güell, mais uma obra-prima de Gaudí. Aproveite para fazer uma caminhada no belo parque e aproveitar a vista de Barcelona.

Depois faça o Tour Camp Nou, no estádio do Barcelona Futebol Club. Se você gosta de futebol não perca, mas mesmo eu, que não gosto de futebol nem na Copa do Mundo, fiz e recomendo.

Tire o resto do dia para curtir a praia em Barcelona, a Barceloneta.

Se não, vá novamente para o Passeig de Gracia conhecer as lojas mais caras de Barcelona – com direito também a algumas com preços bem mais acessíveis como a Zara. Conheça o El Corte Inglés, maior loja de departamento da Espanha.

Links para posts que fiz sobre esse roteiro:

4º. dia

Vá ao Parc de Montjüic, onde foi construído o Parc Olimpic, para as Olimpiadas de 1982.

Curta o parque, o Jardim Botânico e a vista maravilhosa da praia e do porto de Barcelona. Conheça o Museu Miró.

Se ainda tiver tempo para umas comprinhas, vá novamente para o Passeig de Gracia conhecer as lojas mais caras de Barcelona – com direito também a algumas com preços bem mais acessíveis como a Zara. Conheça o El Corte Inglés, maior loja de departamento da Espanha.

Links para posts que fiz sobre esse roteiro:


Restaurantes que eu recomendo:

Comi muito bem em Barcelona, mas gostei muito desses dois aqui:
  1. La Bella Napoli - restaurante italiano na Calle Margarit 14
  2. Botafumeiro - restaurante de frutos de mar na carrer Gran de Gracia, 81
Hotel:

Fiquei no espetacular Hotel Arts Barcelona
Marina 19-21, Barcelona (Spain)
Tel. +34 93 221 1000

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Hotel Arts Barcelona

Já fiquei em muitos bons hotéis pelos países que viajei, mas poucas vezes recebi um nível tão bom de atendimento. Desde o momento em que saímos do carro, fomos recebidos pela equipe do hotel como se fôssemos celebridades.

Todos são tão simpáticos e prestativos, que cheguei a ter o pensamento “até parece que eu sou uma pessoa importante”, quando me dei conta que esse deveria ser o tratamento recebido em todo hotel. Afinal, nós somos pessoas importantes, somos hóspedes.

Podemos decidir abrir mão do luxo e conforto e pagar menos, mas isso não significa que abrimos mao de um atendimento cordial e simpático.

Em alguns hotéis que fiquei - e nem todos eram baratérrimos - muitas vezes tinha a impressão de estar incomodando.

O quarto é espaçoso e cheio de mimos: uma máquina de café Nespresso (as duas primeiras cápsulas de café gratuitas), e uma estande com 3 revistas atuais, em espanhol e em inglês. Fiquei pensando se cobrariam na diária caso eu abrisse e lesse, mas não. Tem revistas espalhadas por quase todo o hotel, a disposição de todos os hóspedes ou pessoas que passarem por lá.

A vista do quarto tem o luxo da praia de Barcelona e do mar Mediterrâneo, de um azul profundo. Não precisa dizer mais nada, não é?

O banheiro é de mármore, clássico, shampoo, condicionador e hidratante da Nitrogena.

O café da manhã é cobrado a parte, mas um espetáculo de opções e fartura também a parte.

Resumindo, quando voltar para Barcelona, certamente ficarei aqui de novo!

Hotel Arts Barcelona
Marina 19-21, Barcelona (Spain)
Tel. +34 93 221 1000

domingo, 18 de dezembro de 2011

Compras em Barcelona

Passeig de Gracia

A melhor opção é o o Passeig de Gracia, uma rua central de Barcelona, quase continuação da famosa Rambla.

O Passeig de Gracia é um shopping a céu aberto numa rua arborizada e elegante. Tem todas as mais famosas grifes nacionais e internacionais, e para todos os gostos e bolsos.

Mesmo para quem não quer gastar, tem todas as lojas de luxo imagináveis: Carolina Herrera, Adolfo Dominguez, Loewe, Chanel, Yves-Saint-Laurent, Hermès, Laurel, Ermenegildo Zegna, Max Mara, Escada and Armand Bassi.

E para bolsos mais econômicos: Zara, Mango, H&M.

Algumas no meio de campo: Replay, Desigual, Nike, Purificación García.

El Corte Inglés

Ali pertinho do Passeig de Gracia, na Plaza de Cataluña, 14, a mais tradicional loja de departamentos da Espanha.

Tem de tudo: roupas para homem, mulheres, crianças, eletrônicos, cosméticos, mas o que eu mais gostei foi do mercado gourmet no sub-solo, com azeites, vinhos, queijos, temperos mil.

Tax Free

Não esqueça que na Espanha tem devolução de imposto para estrangeiros. Pergunte na loja que for comprar se tem “Tax Free”, já que não são todas as lojas cadastradas. Se sim, peça a nota fiscal para ser carimbada na Alfândega do aeroporto, quando voltar para o Brasil.

Escolhemos a opção para receber o crédito no cartão de crédito, já que não tinha a opção de recebermos a devolução na hora.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Bairro Gótico e La Ribera – Barcelona

O Bairro Gótico é um dos quatro bairros que compõem o centro histórico de Barcelona, chamado de Ciutat Vella, e representa um dos seus bairros mais antigos.

Não existe muito roteiro a seguir. O gostoso é andar e se perder pelas ruelas estreitas e, de repente, encontrar um lugar interessante, bonito, diferente.

Eu fiz exatamente isso. Levei o guia na mochila e simplesmente flanei pelo bairro. Só consultava o guia quando encontrava alguma coisa que me interessava e que não conseguia descobrir sozinha.

E não se preocupe com o roteiro, o bairro gótico é pequeno, e tudo acaba aparecendo nessa andança sem rumo.

O mesmo podemos dizer para o bairro de La Ribera, outro bairro que formam o centro histórico. Aliás, nem notamos quando entramos no bairro La Ribera...

A Catedral de Santa Eulália de Barcelona:



Palau de la Musica Catalana:
Mercat de Santa Caterina:


As ruas estreitas do Bairro Gótico:

Palácios escondidos:
Parque de la Ciudadella:



domingo, 11 de dezembro de 2011

Parc de Montjuïc - Barcelona

Parc Montjuïc visto do Parc Güell - fonte Wikipedia
Montjuïc é uma colina que se localizada ao lado do porto de Barcelona e base do maravilhoso parque que leva o seu nome.

Separe uma manhã ou uma tarde para passear aqui.

Vá até a Praça da Espanha para começar sua visita.

Ali, no cruzamento da Av. del Paralelo com a Gran Via de los Corts Catalanes fica uma antiga arena onde ocorriam as touradas – hoje as touradas são proibidas em toda Catalunha – e atualmente abriga um shopping center.

No terraço do shopping tem uma vista espetacular da entrada do Montjuïc do Palau Nacional, sede do Museu Nacional de Arte da Catalunha.


Depois caminhe pela Av. de la Reina Maria Cristina, subindo as escadarias que levam a parte mais alta do monte.


Aproveite para andar e curtir com calma, visitando o Jardim Botânico e o Parque Olímpico, criado para as Olimpíadas de 1982.




A vista de Barcelona é linda! Subindo as escadarias pela Av. De la Reina Maria Cristina, conseguimos a cidade de Barcelona, a Sagrada Família e o Parc Güell. Quando entramos mais no parque, sentido do funicular, temos a visão estarrecedora do porto de Barcelona e do mar Mediterrâneo.

A Sagrada Família vista do Parc Montjuïc
Aqui no Parc Montjuïc se localiza também a Fundação Joan Miró, que, infelizmente, no dia em que eu fui, estava fechada. Uma pena, já que eu não tinha mais tempo para voltar aqui nessa viagem.

O que apenas me obriga a voltar para Barcelona...

sábado, 10 de dezembro de 2011

A Sagrada Família em Barcelona ou Falling in Love with Gaudi


fonte: Wikipedia
Escrevi há algum tempo atrás um post parecido com o que vou escrever hoje: “Falling in Love with Picasso”.

Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa de opinião forte e um pouco teimosa – talvez alguns amigos discordem apenas do advérbio usado. Apesar disso, algumas vezes não gosto de discutir, principalmente quando a discussão é sobre gostos e sentimentos. Como acho que “gosto” é algo totalmente pessoal, não faz muito sentido brigar porque eu gosto do verde e você do amarelo, não é? Seguindo essa lógica, quando as pessoas me falavam que Gaudi era o máximo, simplesmente pensava: “Não gosto, e provavelmente ela está dizendo isso apenas porque Gaudi ficou famoso e ninguém mais discorda.”

Olhava para fotos das obras de Gaudi e achava tudo muito feio.

O Parc Guell para mim não passava de um grande mosaico. Tenho algumas amigas que fazem tampos de mesa ou bandeijas de mosaico, mas eu confesso que não gosto. Acho um amontoado de cacos velhos (adoradores de mosaico, por favor não me matem!).

A Sagrada Família me parecia igualzinho às esculturas de areia que as crianças fazem na praia quando pequenas. Acontece que tenho um pai que faz esculturas de verdade, e mesmo na praia faz coisas lindíssimas usando um monte de areia e um palito de sorvete, esculturas que fazem as pessoas pararem para admirar e tirar fotos. Portanto, Não conseguia admirar um arquiteto que fizesse uma igreja tão simples assim.

Quando conheci as duas obras, fiquei estarrecida. De boca aberta mesmo.

O Parc Güell - que já descrevi em outro post - é lindíssimo. O lugar é privilegiado com muito espaço verde e também pela maravilhosa vista de Barcelona, mas o que mais me impressionou é como as obras de Gaudi – incluindo os meus amigos mosaicos – se integram de tal maneira a natureza do parque, ao mesmo tempo que se destacam, tornando o parque um lugar único, muito especial.

Quando entrei no Parc Güell, já percebi que mudaria de opinião sobre Gaudi, mas foi na minha primeira visita à Sagrada Família é que vi como estava errada.

A Sagrada Família está entre os lugares mais espetaculares que eu já vi. Se por fotos não conseguia enxergar sua beleza, fiquei maluca quando a vi de perto.


Não conseguia parar de acompanhar a riqueza de detalhes, a harmonia da basílica toda, a perfeição dos traços.

Compulsiva que sou, tenho fascinação por todos os artistas que se dedicam apaixonadamente por suas obras, que são consumidos pela sua execução e que não deixam passar nenhum detalhe.

Antonio Gaudí nasceu em Baix Camp, mas foi em Barcelona que estudou, trabalhou e viveu com sua família. Em Barcelona também se encontra a maior parte das suas obras. Gaudí foi acima de tudo um arquiteto, mas ele também atuou como escultor e trabalhou em projetos de reurbanização e planejamento da cidade.

A maior parte da sua carreira foi dedicada à construção da Sagrada Família. A construção da basílica foi iniciada em 1882 por outro arquiteto, mas foi passada para Gaudí em 1883, quando ele tinha apenas 31 anos de idade. Gaudi se dedicou a esse projeto até a sua morte, em 1926.

O projeto de Gaudí consiste numa grande igreja que tem como base uma cruz latina - a cruz latina é a cruz que representa a religião cristã. O projeto contempla ainda três fachadas, fachada da Natividade, da Paixão e da Glória, além de 18 torres que simbolizam Jesus, a Virgem Maria, os 12 apóstolos e os 4 evangelistas.

fonte: Wikipedia
A basílica toda foi projetada para contar a vida de Jesus e representar a história da fé cristã.

Fachada da Natividade: foi a primeira a ser construída e a única que foi terminada com Gaudí ainda vivo. A fachada conta o nascimento de Jesus, sua infância e juventude. Foi construída voltada para o leste, para onde nasce o sol todos os dias, simbolicamente representando o nascimento da vida.




Fachada da Paixão: foi a segunda a ser construída, e terminada apenas recentemente, no ano de 2010, seguindo o projeto de Gaudí. A fachada é assim chamada porque conta a Paixão de Cristo, ou seja, sua cruxificação, com esculturas representando a dor, o sacrifício e a morte de Cristo. Está voltada para o oeste, para onde o sol se põe e para mim, a mais linda!






Fachada da Glória: ainda em construção, também seguindo o projeto original de Gaudí. Representa a ressurreição de Cristo e foi considerada por Gaudi como a principal fachada. Quanto terminada, será a entrada da basílica. Está voltada para o sul, recebendo os raios do sol na maior parte do dia, representando o explendor da vida.

Todo o projeto é repleto de simbolismos. Todas as fachadas possuem três portas como entrada, representando a caridade, esperança e fé.

Pai Nosso em várias línguas

Destaque para o Pai Nosso em português
Quando compramos a bilhete para a entrada, compramos também a entrada para subir nas torres. Esse bilhete tem horário marcado, e o horário disponível era apenas para uma hora e meia depois. Achei que seria cansativo esperar tanto, mas gastei todos os minutos andando pela basílica e admirando o trabalho desse gênio.

E se possível, desça de escada. Pelas janelas, podemos apreciar a vista de Barcelona e observar mais de perto mais alguns detalhes dessa obra fantástica!




domingo, 27 de novembro de 2011

Roteiro em Barcelona I

Barceloneta, La Rambla, Mercado de La Boqueria, Passeig de Grácia, Casa Milà, Casa Batlló


Barcelona é uma cidade litorânea e, como eu adoro praia, resolvi começar o meu segundo dia pela Barceloneta, ou seja, a praia de Barcelona.

Essa região era originalmente um lugar de pescadores, uma região mais simples e até um pouco deteriorada no passado, mas foi revigorada durante as Olimpíadas de 1992.

Hoje é uma área bonita, com praia de areias finas e brancas contrastando com azul intenso do mar Mediterrâneo. As praias são cheias no verão.


Nunca ouço muito as pessoas falarem da praia em Barcelona, e pensava se ela seria suja ou feia. Ainda na Costa Brava, conversei com uma menina de Barcelona que trabalhava no hotel, e ela foi minha grande incentivadora. É uma praia de cidade grande, diferente da charmosa Costa Brava, mas é bem bonita e realmente cheia de gente.

Voltei lá um outro dia, devidamente munida de biquini e canga, e curti um pouco a praia mesmo, esquecendo todas as atrações turísticas.

Andamos um pouco pela areia, e depois seguimos pelo calçadão até a estátua de Colon, na Plaça de Colon.


Afastando-se da praia, as ruas são estreitas, os prédios tem aparência mais velha. Como boa paulistana que sou, já tinha me informado no hotel e sabia que, apesar de realmente mais feia e portanto atraindo menos turistas, não é uma região perigosa.

Na estátua de Colon começa La Rambla, uma rua de pedestres que posso tranquilamente afirmar que é o local mais frequentado de Barcelona.


Com lojas, quiosques de flores, restaurantes, bares e cafeterias, atrai uma horda de turistas incomparável, e junto com esses, vários vendedores (imagino que a maioria ilegal no país) vendendo apitos que imitam pássaros, lenços e bolsas falsificadas, pulseiras e afins.

La Rambla, ao contrário da Barceloneta, é um lugar citado em praticamente todos os blogs e revistas de turismo sobre Barcelona. Na minha opinião é um lugar que precisa ser visitado, principalmente por ser para sentir um pouco mais da atmosfera e apreciar a fauna humana (e eu adoro praticar people- watching), mas um pouco lotado demais para uma pessoa que tem claustrofobia. Fui no verão, então há uma pequena esperança que em outros meses não seja tão lotado...

Bom, eu voltaria lá de qualquer maneira, porque mais ou menos no meio da Rambla, está o Mercado de La Boqueria, um mercado de frutas, legumes, verduras, peixes. Eu adoro conhecer os mercados e feiras das cidades que visito. Gosto de ver o que é igual aos do meu país, mas gosto mais ainda do que é diferente. O Mercado de La Boqueria fica num belo prédio, e de fora não dá para ter idéia da riqueza e variedades de coisas que tem lá dentro.

Apesar da muvuca continuar lá dentro, foi uma bela pausa. Na saída, continuamos caminhando na Rambla até o final.

Andando já há um bom tempo, comecei a sentir fome, mas não queria comer ali. Tinha parado para tomar um chop e quase morri ao ver o preço, totalmente armadilha para turistas.

Sei que tem restaurantes bons pela região, mas pegamos um taxi e fomos para um italiano que tinha sido muito bem recomendado: La Bella Napoli, na Calle Margarit 14. Quem recomendou não disse que era famoso, mas estava cheio de fotos de jogadores conhecidos na parede. Apesar disso, não foi muito caro, e a comida estava deliciosa.

Após o almoço, fomos para o Passeig de Grácia, praticamente uma continuação da Rambla, mas com uns 15 milhões a menos de turistas. Essa sim eu achei sensacional!

Larga, arborizada, cheia de prédios clássicos e maravilhosos. Destaque para a Casa Milà, também conhecida por La Pedrera – número 92 – e para a Casa Batlló, a “Casa dos Ossos” devido ao formato dos balcões deixarem-na parecida com um caveira – número 43 – as duas contruídas por Gaudí.

Casa Milà

Casa Batlló

P.s. normalmente almoço perto dos lugares onde estou, mas a corrida de taxi da Rambla até a Calle Margarit deve ter ficado uns 10 euros– ida e volta.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tour Camp Nou - Barcelona Futebol Clube

Mais que um Clube - em catalão
Infelizmente para meu marido, os jogos do campeonato europeu e espanhol já tinham acabado quando viajamos para a Espanha. Pelo que eu vi procurando os ingressos – porque de futebol eu não entendo nada mesmo – a temporada acaba no final de maio, e viajamos no final de junho, chegando em Barcelona apenas em julho.

De qualquer maneira, depois do debut no tour no campo do Real Madrid – veja meu post Um Tour pelo Santiago Bernabeu - fomos fazer o Tour Camp Nou, o campo oficial do Barcelona Futebol Clube.

Segue abaixo o depoimento de uma pessoa – euzinha – que não assiste e não gosta de jogo nem na Copa do Mundo.

Como ainda estávamos de carrro, colocamos o endereço no GPS e fomos seguindo obedientemente as ordens. Foi surpreendentemente fácil estacionar, achamos uma vaga na frente do estádio.

Logo que atravessamos a avenida, vi uma quantidade absurda de gente. Pensei que estava acontecendo algum evento, mas logo vi que era apenas pessoas comprando ingresso para o tour.

No Real Madrid, tinha bastante gente fazendo o tour, mas aqui a quantidade estava infinitamente maior. Por isso, perguntei ao meu marido se o Barcelona era muito melhor que o Real Madrid. Ele, que não se espanta mais com esse tipo de pergunta da minha parte, me explicou pacientemente que o Barcelona no momento é considerado um dos melhores times do mundo, que os jogos são bonitos demais, que as jogadas do Messi são fantásticas.

Achei o tour de Real Madrid mais organizado, mas a euforia pelo Barcelona FC era nitidamente muito maior: crianças em êxtase, olhando para todos os cantos desesperadamente como se não pudessem perder nada, trombando com adultos que não se lembravam mais que eram adultos.

Confesso que num primeiro momento, achei meio triste visitar um estádio de futebol. Na minha cabecinha iniciante, o estádio é secundário, o importante é o jogo.

Depois do tour no Real Madrid e no Barcelona FC, aprendi que vale sim a pena. Eu que não gosto de futebol, fiquei encantada com tudo. Num esforço de tentar ser racional, os motivos:
  1. Tudo é muito organizado. Mesmo no Barcelona FC, com aquele absurdo de gente, todas as filas fluem rápido.
  2. O estádio é um museu do clube, e toda a história e muito bem guardada e contada. A primeira camiseta, os troféus, os campeonatos ganhos. Além de muito moderno, com painéis interativos onde você escolhe o que quer ver: os gols mais bonitos, jogos ganhos, nome de jogadores. 
  3. O estádio é moderno, bonito e diferente – para melhor – dos estádios brasileiros (na palavra do meu marido e de todas as crianças e adultos-crianças lá presentes);
  4. Nitidamente, para quem gosta muito, é um parque de diversões. Os mais fanáticos vão tendo pequenos ataques do coração: “cara, é aqui que senta a imprensa”; “olha a visão que os caras tem!”; “olha o banco de reserva!!!”.
  5. No final, claro, termina na loja do clube, com camisetas e tudo o mais que você puder imaginar. 
Uma coisa que eu achei interessante e que mostra a riqueza do time: a camiseta do Barcelona não tem propaganda. Na verdade, tem uma, da Unicef, mas o Barcelona doa dinheiro para a Unicef e não recebe dela para mostrar o seu símbolo.

p.s. Site do Clube, onde é possível comprar os ingressos para os jogos direto pela Internet:

domingo, 20 de novembro de 2011

Parc Güell - Barcelona



Aproveitando que estávamos de carro – tínhamos vindo de Carcassonne - e o devolveríamos apenas no final do dia, resolvemos visitar os dois lugares mais longes do hotel que ficamos: o Parc Güell e o Clube do Barcelona.

O Parc Güell é uma das mais freqüentes paisagens de Barcelona mostradas em fotos e propagandas turísticas da cidade, representado principalmente pelo dragão em mosaico da foto abaixo:


Belíssimo parque, é uma das maiores obras que Antonio Gaudí – famoso arquiteto catalão – deixou espalhadas por toda Barcelona. Foi construído entre 1900 e 1914, por encomenda de Eusebi Güell.

O parque é especial, um lugar que realmente traz paz e calma, e atrai não apenas turistas, mas também moradores, que vão descansar, ler ou correr pelas suas trilhas.

Logo na entrada do parque temos uma amostra do que vamos encontrar. Além da escadaria de entrada com a famosa fonte em forma de dragão, possui duas construções detalhadamente ornamentadas com formas curvas, e telhados nada comuns.


Subindo as escadas, passamos pela "Área das 100 Colunas", espaço onde artistas se apresentam em shows amadores de mágica ou instrumentos musicais.

Esse espaço, na verdade, serve como sustentação do que elegi como o meu lugar preferido: um espaçoso terraço onde podemos descansar e de onde podemos apreciar Barcelona do alto. Como o parque se situa numa parte alta da cidade, tem uma vista mais do que privilegiada de Barcelona.


Não sei do que eu gostei mais: da vista espetacular, do espaço amplo que abriga bem a quantidade absurda de pessoas ou do cuidado com que foi planejado e construído, aparente em todos os detalhes presentes.


O terraço é contornado por bancos em formato sinuoso, decorados com mosaicos. O formato sinuoso permite que as pessoas se sentem mais inclinadas uma às outras, não apenas lado a lado. E do lado de fora, mais mosaicos e pequenas gárgulas.

Eu li que Gaudí queria que suas obras se integrassem à paisagem do parque. Passeando pelo parque, podemos ver claramente que ele atingiu seu objetivo. Apesar de deixar sua marca característica em todas as obras – formas curvas e mosaicos – algumas obras parecem ter nascido do solo.

É um lugar extraordinário! 

Comecei a gostar de Barcelona e de Gaudi aqui.

domingo, 13 de novembro de 2011

Rivalidade entre Madrid e Barcelona – muito além do futebol

De longe e sem nunca ter ido para a Espanha, não conseguia entender a rivalidade entre Madrid e Barcelona. Algumas pessoas que conheciam as duas cidades tentavam me explicar de uma forma bem simples, dizendo que Madrid é como São Paulo e Barcelona é como o Rio. Outras, que era devido a competição entre os dois principais times de futebol das duas cidades.

Gosto de estudar a história dos lugares que visito, mas só consegui entender essa rivalidade quando conheci as duas cidades. Em Madrid, tentei incluir esse assunto nas minhas conversas, mas não consegui muita atenção. Somente quando cheguei em Barcelona, e comecei a conversar com as pessoas de lá, é que entendi realmente a sua dimensão.

Claro que tem diferenças muito simples de entender, como a localização geográfica das duas cidades.


Madrid é a capital e a maior cidade da Espanha. Localizada no centro geográfico do país, é hoje considerada o centro financeiro e político da Península Ibérica.

Barcelona é a segunda maior cidade da Espanha, e se localiza na fronteira leste do país, na costa do Mediterrâneo. Barcelona é hoje o maior centro industrial do país, e o seu porto é um dos mais importantes do Mediterrâneo em tonelagem de mercadorias e containers.

No entanto, não é localização geográfica e atividade econômica que explica de verdade a rivalidade existente, mas sim toda a história do país e seu passado político.

A Espanha se unificou como nação, mas é o resultado da soma de várias regiões com características culturais muito diferentes entre si, e que foram, durante muitos séculos, governadas como reinos totalmente independentes.

Claro que a maioria dos países atuais também foram formados pela unificação de regiões e territórios conquistados em guerras, mas conseguiram adotar uma língua única e uma identidade como nação. No Brasil tivemos no passado alguns movimentos separatistas, mas no presente nenhum movimento que se pretenda separatista tem muita força e adesão.

As diferenças culturais na Espanha são muito fortes e mantidas vivas até hoje, e o país convive frequentemente com grupos separatistas até extremados, como é o caso do ETA, que quer a independência do País Basco.

Desde a Constituição de 1978, a Espanha está oficialmente dividida em 17 Comunidades Autônomas. Quatro delas - Galiza, País Basco, Andaluzia e Catalunha - possuem maior autonomia e poder de decisão e soberania com relação às demais, autonomia devidamente reconhecida pela Constituição. Essa divisão e autonomia ajudou a respeitar as diferenças de cada região, e foi a solução encontrada para a transição democrática da época pós-franquista para enfrentar o problema eterno das reivindicações democráticas de independência.

Regiões da Espanha - fonte Wikipedia
Apesar do espanhol ser a língua oficial da Espanha, as comunidades autônomas possuem idiomas denominados co-oficiais que são ensinados nas escolas e falados nas ruas. Durante a minha passagem pela região catalunha – Valência, Costa Brava e Barcelona – conversei com várias pessoas que me juraram não falar o espanhol e saber apenas o catalão. 


Assim, cada região consegue manter e cultivar os seus custumes, sua língua e os seus valores.

Durante a ditadura de Franco, qualquer movimento de separação e independência foi devidamente sufocado e mantido sob controle.

Franco chegou ao poder liderando um movimento de extrema direita, depois de levar o país a uma violentíssima guerra civil. Como o movimento franquista nasceu em Madrid, entendemos porque é mais fácil encontrar pessoas em Barcelona mais inflamadas contra Madrid do que o oposto. Todas as outras regiões, e como conseqüência também a Catalunha e sua capital Barcelona, é que tiveram de aceitar as regras e a forte repressão do regime imposto por Madrid.

Essa rivalidade se reflete na rixa radical existente entre os dois principais times de futebol das duas cidades. Para a população catalã, o Real Madrid CF representava a realeza e o poder centralizador de Madrid e imposição da Espanha como Estado Maior. Já o FC Barcelona simbolizava a resistência catalã, representando sua cultura e seu desejo de independência.

Um pouco mais profundo do que as rivalidades que temos aqui no Brasil.